sábado, 16 de dezembro de 2006

O que eu ouvi em 2006

2006 foi um ano imensamente prazeroso musicalmente. Por isso, hoje eu resolvi fazer um apanhado do que foi bom e do que foi terrível, na minha opinião, durante este fantástico ano que agora nos deixa. Vai ser um tijolaço, isso eu posso adiantar. Portanto, sentem-se que lá vem história. Claro que só eu acesso essa v*****, portanto, fodam-se.
Joanna Newsom: para uns, a possível cria de uma ninhada entre a Björk e o satanás, treinada vocalmente pela orquestra dos gatos torturados e apadrinhada por Janis Joplin e um arranhão no fundo da panela com um garfo, batizada sob os sons de unhas no quadro negro. Para outros, uma elfa com uma harpa. Dependendo da categoria em que você decida se enquadrar, ouvir Joanna Newsom pode ser a melhor experiência auditiva da sua vida ou a coisa mais tenebrosa que já atingiu o seu sistema auditivo desde o retorno de Dinho Ouro Preto. Mas eu não quero me estender muito aqui falando sobre ela. Tenho a dizer que The Milk-Eyed Mender é uma das coisas mais perturbadoramente brilhantes que eu ouvi neste ano e que Ys (um post específico para esta obra vem a seguir), lançado no mês passado, é definitivamente o CD do ano. Não só do ano, mas talvez de vários anos. É de explodir a mente. Dêem um jeito de ouvir. Mas nem só de Joanna Newsom vive o homem. Devendra Banhart é da mesma família musical. Talvez um primo distante e caipira de Joanna. O som que ele faz é infinitamente mais acessível que o dela, mas os dois se unem em espírito no movimento, muito infelizmente cunhado de freak-folk. Foi ele o “responsável” pelo feliz retorno de Vashti Bunyan aos palcos e aos estúdios. Por falar em Vashti Bunyan, não deixem de conferir Just Another Diamond Day (o CD que ela gravou no final da década de 60, mas que só agora está recebendo a devida atenção) e Lookaftering, seu igualmente fantástico CD lançado no ano passado (Joanna Newsom toca harpa em uma das faixas, Denvedra toca violão). De volta a Devendra, ouçam Niño Rojo, se possível. Foi o único CD dele lançado no Brasil. Belíssimas composições e letras que transmitem uma visão infantil, inocente, mas ao mesmo tempo madura e esclarecida do mundo. Rejoicing in the Hands e Cripple Crow estão à altura e merecem atenção. Outra banda muito legal que eu acabei descobrindo só neste ano foi o The Fiery Furnaces, na verdade uma dupla de irmãos (mais uma, eu sei, eu sei). O som que eles fazem não dá pra generificar, mas é uma mistura de blues, opera-rock, pop chiclete, eletrônica, e rock lo-fi, tudo isto banhado a muito Pro Tools e vocais meia-boca competentes. Blueberry Boat é uma experiência interessante, detestada e cultuada por muitos em proporções iguais. Bitter Tea, lançado neste ano, não foi adquirido por este ouvinte (ainda), e EP (recentemente adquirido) vale bastante a pena também. Da minha viagem à Buenos Aires neste ano eu acabei trazendo algumas pérolas (outras nem tanto). Juana Molina (por coincidência, Argentina de origem) é uma delas. Seu último CD, Son, possui uma beleza e simplicidade de composição de encher os ouvidos. Juana é mais uma banda-de-uma-mulher-só, uma Imogen Heap ou Camille da vida, e seu som pode ser definido como um folk eletrônico sussurrado, com partes iguais de ambiência e de cantoria. Nota mental: da próxima vez que pisar em Buenos Aires, procurar os outros dois CDs da moça. De lá veio também um pouco de Yeah Yeah Yeahs, cujo brutalidade do primeiro CD beirava a loucura, e David Bowie, que só agora, uns trinta e poucos anos atrasado, eu fui conhecer melhor (nunca é tarde!). Dos nossos amigos com incrível mau gosto para escolha do nome da banda eu comprei Show Your Bones, lançado neste ano. Menos gritado e mais calmo, foi uma surpresa boa escutar Gold Lion e descobrir que a sua melodia pegajosa já estava instalada em meu inconsciente musical há algum tempo. De Bowie (o certo é bôi ou bovái, questionaria-se a minha querida mãe) eu trouxe Hunky Dory (Changes, Life on Mars?, Quicksand) e o inegável clássico Ziggy Stardust (Five Years, Rock’n’Roll Suicide e Starman, cuja versão do Nenhum de Nós [Astronauta de Mármore] acabou se tornando mais famosa aqui por estas bandas do que a original). A voz do cara é do tipo ame ou odeie (confesso que fico no meio-termo), assim como as de Bob Dylan, Antony, Joanna Newsom e Wayne Coyne (ugh!), mas pra mim o que vale mesmo é a música, e tem muita coisa boa nestes dois discos preciosos, que com certeza eu ainda não ouvi tanto quanto merecem. Neutral Milk Hotel dispensa introduções (basta dizer que eu batizei este blog em homenagem a eles). Com certeza um dos CDs mais brutais e sinceros que eu já ouvi. Tudo bem que não foi lançado em 2006 (foi em 1998), mas eu descobri neste ano e agora ninguém mais tira de mim. Cat Power também já teve seu saco puxado, e seu último, The Greatest, chegou em janeiro já garantindo lugar na lista dos melhores do ano. M. Ward lançou um dos mais aclamados álbuns do ano (por ambos crítica e público), Post-War. A primeira música é bacana demais. Embora a sua Jack Johnson-sice as vezes me atrapalhe um pouco, é um grande álbum de belas composições. Danielson (sim, existe uma banda com este nome) lançou o seu Ships lá por meados de maio, e o CD todo é muito cheio de bizarrices e melodias inspiradas, que lembram muito Sufjan Stevens em seus melhores dias de animador de parque de diversões. Two Sitting Ducks é uma das músicas mais legais do ano. Califone e Grizzly Bear lançaram duas grandes pequenas obras-primas agora no finalzinho do ano, e ambos requerem repetidas e atentas audições. Os dois entram na lista também. Direto da terra-natal do Franz Ferdinand, Mogwai e Belle and Sebastian, chegam os escoceses do Camera Obscura, com seu terceiro disco (Let's Get Out of this Country), que parece ter vindo direto da década de 60. Neste ano eu ouvi tantas coisas diferentes que se eu fosse contar tudo aqui daria um livro muito chato e pessoal demais, por isso eu cito a seguir alguns nomes conhecidos e outros nem tanto que eu curti muito em 2006: Amadou & Mariam, The Clash, The Mars Volta, The Velvet Underground, The Shins, Portishead, TV on the Radio, Captain Beefheart, Circulatory System, Pink Floyd, Jethro Tull, Islands, Clap Your Hand Say Yeah!, Wolf Parade, Feist, Herbert, Damien Jurado, Interpol, Jeff Buckley, Mirah, Pedro the Lion, The Unicorns, Art Brut, Yo La Tengo.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

My humps, my humps, my humps, my humps, my lovely lady lumps. Check it out!

Quando eu era pequeno, a minha avó cortava a carne, mastigava bem mastigado, e de alguma forma (que Deus me permita nunca lembrar) colocava aquela gororoba pré-digerida direto na minha boca, sem questionamentos. Claro que, se alguém tivesse contado para a vigilância sanitária, hoje eu estaria escondendo maços de cigarro no ânus e visitando minha querida vovozinha no xadrez. Mas não foi assim que aconteceu, e isto continuou até alguma fase mais avançada onde meus dentes começaram a crescer (com a graça do nosso bom Deus) e se fortificar. Dispensável dizer que desenvolvi alguns traumas alimentícios por causa de todos os danos sofridos durante aquela época.
Fast-forward para os dias de hoje, eu já consigo me alimentar através da utilização de um garfo e de uma faca, mastigando cada um dos alimentos que o nosso Senhor colocou sobre a face desta terra (com os meus próprios dentes). Mas basta de histórias de velhinhas cruéis e traumas infantis. O que eu queria mesmo era fazer uma introdução para o assunto do consumo de cultura, meu povo. Dá pra acreditar?
Acontece que aquilo que a minha querida vovozinha fazia naquela época é assustadoramente parecido com o que a indústria cultural vem fazendo já há algum tempo. As pessoas perderam a capacidade de digerir por conta própria as músicas que ouvem, os filmes que assistem, os livros que lêem. Claro que isso, vindo de um pobre infeliz que ouvia Spice Girls e (Deus seja louvado) Britney Spears há uma quantidade não significativa de anos, pode parecer insanidade mental, mas ouçam bem.
Às vezes eu estou no carro (é sempre no carro!) e tenho que ouvir comentários que nenhum ser humano merecedor da vida que leva deveria ouvir. Se a música que toca no rádio não tem seu respectivo videoclipe no Disk MTV é um tal de “troca de rádio, pelo amor de Deus” pra cá e “que musiquinha ruim essa, hein Dani?” (porque a culpa é sempre minha) pra lá. Se eu tento introduzir novas alternativas de músicas de verdade, é uma avalanche de “bom esse teu CD, hein Dani?” além de imitações muito próximas da realidade por parte de minha querida irmã, que tem uma incrível versatilidade vocal que vai desde Joanna Newsom até David Bowie, passando por Björk e Sigur Rós. No cinema acontece coisa parecida. Se o filme recebeu treze quinquilhões de estrelas na Veja, então pode ter certeza que a sala de cinema estará lotada, e o filme vai ser bom mesmo. Não importa que os editores da revista tenham recebido uma estadia gratuita de uma semana nas ilhas Phi Phi ou mesmo que o elenco tenha sido emprestado de uma casa de prostituição infantil em Bangladesh. A literatura morre um pouco a cada dia, também. Se o livro do Paulo Coelho está em primeiro lugar na lista da Folha de São Paulo, deve ser um prazer inigualável de se ler e reler, mesmo que a pessoa precise passar por uma lobotomia para chegar até o final. Claro que eu nunca li nenhum livro dele, e só uso este exemplo por achar extremamente engraçado, de alguma forma.
Não estou aqui pra dar lição de moral em ninguém, porque do jeito que a mídia anda, é um tanto quanto difícil se ver livre de suas amarras. A diferença é que eu tento, enquanto muita gente (mesmo!) abaixa as calças, ajoelha e, pior de tudo, goza.

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Ca' The Yowes to the Knowes

Qualquer comentário que eu fizesse não estaria à altura. Portanto, assistam.

terça-feira, 21 de novembro de 2006

Quem mais???

Hoje em dia todo mundo deu pra morrer de uma hora pra outra. A Nair Bello está sendo movida por controle remoto, o Buba tá dentro de um jarro e agora eu fico sabendo que o Jece Valadão está na contagem regressiva para subir ao telhado. Assim não dá, meu povo. Quem será o próximo? [sinal da cruz]

sábado, 18 de novembro de 2006

Existe um Deus!

A minha última semana de aula vai coincidir com a chegada do novo CD da Joanna Newsom aqui em casa. Já dizia o Padre Marcelo Rossi: "O mundo quer que você chore, mas Deus quer que você sorria".

domingo, 12 de novembro de 2006

Eu não abandonei o blog

É o meu estado catatônico-maníaco-depressivo que me impede de atualizá-lo com freqüência. Com professores para matar, trabalhos por fazer, música para ouvir, cabelo por cortar, filmes para assistir, estágio para fingir, além de um grande, longo e cabeludo etc, minha vida de escritor virtual fracassado foi virada ao avesso e estuprada duas vezes, tornando difícil e traumática a situação toda. Espero voltar no início de dezembro com novidades quentes sobre músicas que tenho escutado (uma lista enorme e cheia de tesouros), patologias que tenho observado (as vezes em mim mesmo), e ainda um review do ano que passou. Voltaremos.

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Fato:

Eu vou sair da faculdade sem saber a diferença entre estratégia e tática.

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Top 5 - Manchetes do dia

Notícia acompanhada de foto muito, mas muito assustadora, com perigo de convulsões em pessoas pequenas:
...
Melhor manchete com trocadilho infame do dia:
...
Manchete mais triste e nostálgica do dia:
...
Manchete "deixa eu ler de novo pra ver se eu entendi direito" do dia:
...
Pior enquete do dia, e possivelmente de todos os tempos:

domingo, 22 de outubro de 2006

Apocalipse não, obrigado!

Enquanto isso, parece que a toda-poderosa mídia esqueceu da gripe aviária/asiática/peste negra volume 2. Lembram que o negócio ia se desencadear de uma certa forma que ninguém estaria a salvo, no melhor estilo Resident Evil, em uma das piores epidemias já vistas desde os 'emos travestidos' Rebeldes. A verdade é que, com eleições presidenciais a caminho, e com a ameaça de uma segunda Guerra Fria entre um imbecil anão na Coréia do Norte e um deficiente físico megalomaníaco na América do Norte, a pobre da gripe que vinha ganhando momentum ao redor do mundo todo acabou se assemelhando a um simples resfriado passível de cura através da ingestão de um Benegrip verde e um amarelo. Essa mídia é mesmo coisa mais linda de Deus.

terça-feira, 10 de outubro de 2006

Seria Christiane Pelajo...

...a única brasileira viva que pronuncia iutsúb ao invés de iutúbi? E de vez em quando até três vezes no mesmo fôlego...Desse jeito o William Waack vai acabar traçando ela também.

Um ano de carteira

E que melhor maneira para se comemorar do que reencenando a seqüência inicial de Crash na esquina da Lucas de Oliveira, com direito a velhinho invocado saindo do carro e duvidando da sua sanidade mental? Tintim.

quinta-feira, 5 de outubro de 2006

Jovem morre fazendo tirolesa!

Segundo Claudete Troiano (que, infelizmente, não morreu fazendo tirolesa), o delinqüente mental conseguiu a incrível façanha de dar um salto mortal sem capacete e bater a cabeça no fundo de um lago com 1,50m de profundidade. Muito triste a situação. Agora só falta aparecer neguinho dizendo que morreu por causa da tal da espanhola. E nesse país onde filha de Gretchen vira homem, presidente vira ladrão, ladrão vira deputado, deputada faz meio turno como prostituta, entre outras licenças poéticas tupiniquins, não se pode duvidar de mais nada.

sexta-feira, 29 de setembro de 2006

Curso de caligrafia

Entrem aqui, leiam e decidam se a coluna do Marcelo Camelo é chata pra cacete ou ruim pra caramba. Se tem uma coisa que eu sei por experiência própria é que, quando a gente tenta complicar as coisas, de graça, acabamos enrabados no final. Escrever nada muitas vezes consecutivas, e assim sucessivamente, se prova uma tarefa árdua, tanto na composição quanto na recepção e apropriação da mensagem.
Quando o cara decide, então, entregar um texto manuscrito, tratando de reflexões filosóficas de porta de banheiro de casa de espetáculos cult, em uma página que tem como favorito o blog do Zeca! Camargo, a gente começa a duvidar da sanidade mental de alguns envolvidos nessa mixórdia intelectual cibernética. Tudo bem que o Camelo, inquestionavelmente, escreveu algumas das mais belas canções dos tempos recentes nesse país amaldiçoado pela babaquice musical. E tudo bem que até a Bruna “Raquel” Surfistinha [ex-prostituta de luxo/escritora/atriz/cantora/diarista] escreveu um livro [liiiiiiiiivro]. Mas o texto dele é tão mixuruca que a descrição visual mais aproximada que eu encontrei seria algo envolvendo Paulo Coelho dançando o pintinho amarelinho em cima da cova de Roland Barthes, enquanto o coitado se revira no túmulo.
Triste.
Mas nem tudo é decepção, meu povo. Os comentários postados são ultrajantemente hilários e imperdíveis. Alguns fragmentos importantes:
"Marcelo qualquer pessoa com um pouco de sencibilidade [sic] muda de opinial [mega-sic] muitas vezes basta um argumento plausiveu". [duplo sic carpado]
"Já que o rapaz não sabe escrever à mão, por que não digitar o texto ? Aliás, é muita bola para alguém tão chato. Chamem o Chorão!"
"por instante achei q tava louco.ver este texto na blog da globo e inacreditave,e inaceitavel,vcs so podem estarem ficando malucos ou isso e uma piada de maugosto.Coisa mais ridicula alem da letra a mao esse texto que deve ter envergonhado todo proficional da glogo.com.pessoal nos poupe dessas ricularidades,se gostassemos de idiotas estariamos no site da record nao se tem aver mas nada tem mais aver,boa sorte na proxima.fui..."[sic tamanho família, valendo por todo o comentário]
"'O analfabetismo funcional do existir'. Que pérola! A qualidade metafórica aqui é incontestável, assim como as letras desse gênio dos pseudo-intelectualóides". [ironia de primeira]
"Vai à m****, seu p****!!!! Los Hermanos já é banda de v**** deprimido. Agora vcs vem com essa p**** de coluna asquerosa. Carlho" [Muito bom! Mas esperem que tem mais]
"C******, que p**** de coluna de b**** é essa? P*** que pariu. Texto escrito a mão é foda, hein. Fora que o conteúdo é tão ruim quanto a música desse piolho sujo e mal vestido. Depois disso vou até assinar o UOL"
"P*** texto mala!!!!!! Vá ser chato assim no inferno".
"Me deu uma angústia ler esse texto..."
"Adoro Los Hermanos. Mas, Camelo, por favor, se limite a fazer músicas. Seu texto é lamentável... Sabe aquela empatia de sentir vergonha pelos outros? Pois bem, senti vergonha por vc... abraço" [o 'abraço' é a cereja na torta]

sábado, 16 de setembro de 2006

Por um novo Código de Trânsito

Existe um submundo no trânsito de Porto Alegre: o das motoristas adesivadas. Ando observando já há algum tempo, recolhendo informações e tentando desvendar o temível segredo destas temíveis mulheres motorizadas que colam adesivos aparentemente inofensivos em seus veículos. Aquilo sempre me intrigou muito, o que acabou me incentivando a descobrir um pouco mais sobre o estranho caso. Sem mais delongas, entrego a vocês, leitores, os resultados parciais de minha pesquisa, abaixo. Notem que eu apenas consegui reunir informações suficientes sobre três dos muitos perfis existentes.

Hello Kitty: Sou um vegetal. O hemisfério esquerdo do meu cérebro não possui qualquer tipo de ligação com o direito, por isso meus reflexos são atrasados e imprevisíveis. Estou praticamente morta por dentro, mas continuo dirigindo porque meu namorado disse que eu fico linda dentro do meu Celta cor-de-rosa. Meus pais tiveram relações sexuais enquanto a minha mãe estava no décimo mês de gestação, o que resultou em danos cerebrais irreversíveis. Mantenham um raio mínimo de dez metros de distância.

Penélope Charmosa: Minha mente foi dissolvida pelo excesso de água oxigenada nos cabelos, o que explica os movimentos bruscos e a invasão de pista sem sinalização prévia. Fui concebida através de métodos artificiais em laboratório quando meus pais tinham 78 anos. Tenho zero por cento de visão periférica e não sei qual a função de todos aqueles botõezinhos coloridos e consolos giratórios ao redor do volante. Vendo meu corpo à noite de forma a conseguir dinheiro suficiente para comprar a minha carteira de motorista.

Betty Boop: Não posso ser considerada tecnicamente um ser humano. Minha beleza é tudo que eu tenho, o que pode se tornar motivo de distração no trânsito. Só utilizo o espelhinho da frente para arrumar os cabelos enquanto dirijo, e ainda não consegui entender para que servem aqueles dois que ficam um de cada lado do carro. Faço curvas e mudo de pista quando sinto vontade, e quando não me dão passagem eu abro o vidro e tiro os peitos pra fora. Já fui sodomizada com o câmbio do carro e, por mais que eu tenha gostado, isso ainda me traz problemas na hora de trocar as marchas. Adoro meter a buzina.

OBS: Variações dentro de cada um dos perfis podem ocorrer, havendo sutis alterações no perfil, como Betty Boop com perna aberta, Hello Kitty com ou sem peitos, Penélope Charmosa sem capacete e com as pernas cruzadas, etc.

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Cinco real pra fazê caridade, rapá

Algumas pessoas nasceram para trabalhar. O que é ótimo pra elas, por sinal. Já eu me encontro tão longe desse grupo de gente que dá até dó. Às vezes eu paro durante uma manhã qualquer no estágio e me pergunto: será que a pessoa que encomendou este trabalho tem noção do nível de incompetência do infeliz em cujas mãos ele foi parar? Não sou pessoa de levar currículo e portfólio debaixo do sovaco. Nasci, entrei no jardim de infância, morri de tédio, cresci um pouco, mudei de escola, me arrastei por ensino fundamental, médio, longo, morri um pouco por dentro, me formei uma ameba sem chapeuzinho, fui pra faculdade, cresci mais um pouco e desenvolvi tendências criminosas em relação a alguns professores detestáveis. Que tal isso pra curriculum vitae?
Mas a coisa é mais triste do que vocês pensam. Dizer que eu caí de pára-quedas lá dentro do cubículo onde eu estagio é menosprezar a desgraça alheia. Caí foi de queda livre, sem capacete e com o cóccix virado pro chão. E o que é pior: no meu primeiro dia já me colocaram na frente do computador para criar um folder (Folder, meu povo! Aquele negocinho de dobrar que a gente usa pra comunicar as mais variadas coisas, conhecem?), sendo que eu não sabia nem desenhar uma linha reta no Corel (é difícil pra algumas pessoas). Brincaram com o fogo e a urina acabou se espalhando por toda parte: o resultado a gente vê por aí, mesmo que eu não revele o conteúdo de minha primeira obra-prima nem sob violenta tortura física e psicológica.
Por favor, não contem para ninguém, mas eu acho que Deus tem trabalhado através do meu corpo. Prova disso é que eu nunca fico sabendo como cheguei ao final dos trabalhos. Eu simplesmente fecho os olhos e me entrego à luz. Quando os abro, o layout está pronto e eu só mostro para quem quiser ver. E até que o Cara-lá-de- cima tem se mostrado um publicitário razoável.
Quando alguém chega e diz ‘ficou legal o teu trabalho, hein!’, eu penso comigo mesmo ‘ou esse filho-da-mãe tá tirando uma com a minha cara ou ele bebeu o líquido amniótico de canudinho quando nasceu’. Então eu rio por dentro. Depois choro miseravelmente. E tem sido assim todas as manhãs das últimas cinco semanas, sendo que o meu iPod é a única coisa que me impede de mandar tudo à merda e virar a mesa. Isso e o fato de eu precisar dessas 300h horas mais do que qualquer outro filho-da-puta lá dentro. Porque trabalhar com Corel 9 em 486 versão slide-show nem mesmo EU mereço.
Já dizia a baranga que chupou o velhinho e não recebeu nada em troca: “a minha vida é uma prostituição!”

sexta-feira, 8 de setembro de 2006

O que eu aprendi hoje...

Nove entre cada dez fanáticos religiosos têm medo de escadas rolantes.

terça-feira, 5 de setembro de 2006

Steve Irwin morreu


Contra todas as possibilidades, uma dócil e ingênua arraia resolveu fazer uma brincadeira de mau gosto e acabou cravando um ferrão direto no frágil coração do Jamie Oliver do mundo animal australiano. Após oferecer sua própria cria como alimento de crocodilo há um punhado de anos, fontes seguras alegam que desta vez o velho Steve foi atacado durante uma tentativa de assédio sexual contra o inocente animal. Crocodilos ao redor do mundo todo estão se reunindo neste momento para encontrar uma forma de foder de vez com a filha-da-puta da arraia que terminou por frustrar uma das cenas de morte mais esperadas dos últimos dez anos. Enquanto isso, a mesmíssima arraia foi avistada ao redor da ilha particular onde habitam Jack Hannah e sua família. Ninguém está seguro!

segunda-feira, 28 de agosto de 2006

Sobre a música

Eu fico impressionado com o número de pessoas com mau gosto musical que eu encontro por aí diariamente. Seja dentro de casa, na faculdade, no serviço (supondo que eu tivesse um). E não há quem os convença de que o que eles ouvem não é música: é simplesente merda moldada em forma de disco compacto, com furinho no meio e tudo mais. Mas o pior de tudo é que, quando estas criaturas hipersensíveis ao bom gosto em forma musical são expostas à verdadeira música, elas ainda tentam te convencer de que você é que tem mau gosto. Isso é triste e confuso, e eu diria até que é um dos muitos males da civilização moderna, que está se espalhando mais rápido do que a peste negra.
Fazendo uma analogia absurda com relacionamentos amorosos e sexuais, podemos dizer que existe o sujeito que encontra o verdadeiro amor da sua vida, casa e tem filhos, e aquele outro sujeito que passa cada noite com uma prostituta diferente. O primeiro é o amante da música. A sua relação é íntima e pessoal e requer esforços de ambas as partes para se manter viva e saudável. Ambos se entregam de corpo e alma à relação e conseguem sempre encontrar alguma coisa nova que mantém a chama acesa entre os dois. O segundo é o imbecil com mau gosto musical, que encontra o prazer rapidinha após rapidinha, sem qualquer tipo de laço amoroso estável. O que vier, pra ele, veio. Seja uma biscate ou uma música ruim pra cacete que toca nas rádios medíocres às quais é exposto. E doenças venéreas muitas vezes não têm cura.
Já o meu casamento vai de vento em popa. Continuo acreditando que a música pode mudar o mundo. É soberana entre as artes. Não são muitas as manifestações artísticas que conseguem te colocar em transe e arrepiar até mesmo os pêlos dos lugares onde o sol não chega. No entanto, a música é uma delas. Muitas vezes me encontrei a mercê de uma canção tão poderosa que me fez assumir a posição fetal e lacrimejar. Pelo menos se eu conseguisse fazer uma pessoa se apaixonar pela música da mesma forma que eu, minha missão neste planeta estaria cumprida e eu poderia morrer um homem feilz.
Deus do Céu, se apenas um de vocês aprendesse a ouvir um CD mais de uma vez antes de julgar se ele é bom ou ruim e, quem sabe, ser transformado pela música assim como eu fui e continuo sendo. Se metade de um de vocês conseguisse sentar, colocar fones de ouvido e escutar a música, não apenas ouví-la. Sentir o sangue correr mais depressa, tentar acompanhar o percurso de um dos instrumentos que estão sendo utilizados, formar uma bagagem musical interessante para levar junto consigo para o outro lado. Virar os olhos para o que a lista dos dez mais vendidos mandou vocês comprarem. Abrir os braços para todos os gêneros musicais. Seria pedir demais?

terça-feira, 22 de agosto de 2006

Vinte primaveras

Aniversariar nunca foi o meu forte. É acordar e se lembrar do fato de que todos os seres humanos que sabem da sua existência, e até mesmo alguns que não sabem, irão ligar parabenizando-o pelo incrível fato de você ter sido expelido violentamente através de uma vulva maternal gosmenta e pegajosa e espancado vida adentro há um amontoado de anos que cresce em número invariavelmente aniversário após aniversário. Isso incluindo aquela tia distante que há muito perdeu a noção da realidade e que liga um ou dois meses antes da data correta jurando que acertou em cheio e oferecendo, inclusive, provas de que você nasceu naquele dia e não no dia certo. Ou então aquela avó meio caduca que é posta à força do outro lado da linha e nem sabe ao certo o que e a quem parabeniza, a coitada. E como poderia deixar faltar o tradicional avô que pega na extensão e parece não querer largar mais enquanto faz previsões positivas para todas as áreas da sua vida pelos próximos quarenta anos, sem perceber que você caiu duro de tédio lá na outra extremidade da conversação.
Entra ano, sai ano, e é sempre o mesmo tal de 'primaveras' pra cá, 'tá ficando velho' pra lá e 'agora já pode ser preso' acolá. Mas a gente vai aprendendo com isso. E com o passar do tempo a gente vai desenvolvendo técnicas de conversação ao telefone no dia do aniversário, como concordar maquinalmente com os mais variados níveis de maluquice senil, segurar a risada enquanto uma pessoa ou um grupo delas canta musiquinhas comemorativas que te fazem lembrar que agora você é um fracassado um ano mais velho, ou abraçar o silêncio após um simples e lacônico 'oi, [inserir nome do infeliz aqui], parabéns'.
Pensando bem, aniversários podem ser divertidos.

quarta-feira, 9 de agosto de 2006

Sou gente

Se todas as forças do universo conspirarem ao meu favor e Deus rabiscar sua santíssima assinatura embaixo, eu começo a estagiar na semana que vem, no máximo. É, o velho Daniel vagabundo e desleixado será morto e enterrado, soterrado por debaixo de toneladas e toneladas de cimento e deixado estar bem lá no fundo desta terra que nos há de engolir a todos.
Estágio é uma palavra muito forte para a simples tarefa que eu espero desempenhar, palavrinha ameaçadora que sugere uma nova etapa forçosa na vida de todo o ser humano. Estágio curricular, então, seria o mesmo que comprar uma infância em três vezes sem juros ou algo que o valha. Ganhar um ingresso para a terceira idade em uma rodada de bingo, já pensaram? É um universo perturbador este onde vivemos.
Mas, enfim, assim é a vida. Não estaria pensando este servo do Senhor em particular que durante sua caminhada não teria rochas e pedregulhos por obstáculos.
ouvindo _ Resolve - Beth Gibbons & Rustin' Man

segunda-feira, 7 de agosto de 2006

O começo

Se você chegou até aqui ou você foi agraciado com um nível extremamente alto de atividade intelectual ou era um antigo fã do meu falecido Space, que Deus o tenha. Seja bem-vindo e aproveite da melhor forma possível as informações que aqui encontrará, hoje e sempre.
Agora é pra valer.