segunda-feira, 28 de agosto de 2006

Sobre a música

Eu fico impressionado com o número de pessoas com mau gosto musical que eu encontro por aí diariamente. Seja dentro de casa, na faculdade, no serviço (supondo que eu tivesse um). E não há quem os convença de que o que eles ouvem não é música: é simplesente merda moldada em forma de disco compacto, com furinho no meio e tudo mais. Mas o pior de tudo é que, quando estas criaturas hipersensíveis ao bom gosto em forma musical são expostas à verdadeira música, elas ainda tentam te convencer de que você é que tem mau gosto. Isso é triste e confuso, e eu diria até que é um dos muitos males da civilização moderna, que está se espalhando mais rápido do que a peste negra.
Fazendo uma analogia absurda com relacionamentos amorosos e sexuais, podemos dizer que existe o sujeito que encontra o verdadeiro amor da sua vida, casa e tem filhos, e aquele outro sujeito que passa cada noite com uma prostituta diferente. O primeiro é o amante da música. A sua relação é íntima e pessoal e requer esforços de ambas as partes para se manter viva e saudável. Ambos se entregam de corpo e alma à relação e conseguem sempre encontrar alguma coisa nova que mantém a chama acesa entre os dois. O segundo é o imbecil com mau gosto musical, que encontra o prazer rapidinha após rapidinha, sem qualquer tipo de laço amoroso estável. O que vier, pra ele, veio. Seja uma biscate ou uma música ruim pra cacete que toca nas rádios medíocres às quais é exposto. E doenças venéreas muitas vezes não têm cura.
Já o meu casamento vai de vento em popa. Continuo acreditando que a música pode mudar o mundo. É soberana entre as artes. Não são muitas as manifestações artísticas que conseguem te colocar em transe e arrepiar até mesmo os pêlos dos lugares onde o sol não chega. No entanto, a música é uma delas. Muitas vezes me encontrei a mercê de uma canção tão poderosa que me fez assumir a posição fetal e lacrimejar. Pelo menos se eu conseguisse fazer uma pessoa se apaixonar pela música da mesma forma que eu, minha missão neste planeta estaria cumprida e eu poderia morrer um homem feilz.
Deus do Céu, se apenas um de vocês aprendesse a ouvir um CD mais de uma vez antes de julgar se ele é bom ou ruim e, quem sabe, ser transformado pela música assim como eu fui e continuo sendo. Se metade de um de vocês conseguisse sentar, colocar fones de ouvido e escutar a música, não apenas ouví-la. Sentir o sangue correr mais depressa, tentar acompanhar o percurso de um dos instrumentos que estão sendo utilizados, formar uma bagagem musical interessante para levar junto consigo para o outro lado. Virar os olhos para o que a lista dos dez mais vendidos mandou vocês comprarem. Abrir os braços para todos os gêneros musicais. Seria pedir demais?

terça-feira, 22 de agosto de 2006

Vinte primaveras

Aniversariar nunca foi o meu forte. É acordar e se lembrar do fato de que todos os seres humanos que sabem da sua existência, e até mesmo alguns que não sabem, irão ligar parabenizando-o pelo incrível fato de você ter sido expelido violentamente através de uma vulva maternal gosmenta e pegajosa e espancado vida adentro há um amontoado de anos que cresce em número invariavelmente aniversário após aniversário. Isso incluindo aquela tia distante que há muito perdeu a noção da realidade e que liga um ou dois meses antes da data correta jurando que acertou em cheio e oferecendo, inclusive, provas de que você nasceu naquele dia e não no dia certo. Ou então aquela avó meio caduca que é posta à força do outro lado da linha e nem sabe ao certo o que e a quem parabeniza, a coitada. E como poderia deixar faltar o tradicional avô que pega na extensão e parece não querer largar mais enquanto faz previsões positivas para todas as áreas da sua vida pelos próximos quarenta anos, sem perceber que você caiu duro de tédio lá na outra extremidade da conversação.
Entra ano, sai ano, e é sempre o mesmo tal de 'primaveras' pra cá, 'tá ficando velho' pra lá e 'agora já pode ser preso' acolá. Mas a gente vai aprendendo com isso. E com o passar do tempo a gente vai desenvolvendo técnicas de conversação ao telefone no dia do aniversário, como concordar maquinalmente com os mais variados níveis de maluquice senil, segurar a risada enquanto uma pessoa ou um grupo delas canta musiquinhas comemorativas que te fazem lembrar que agora você é um fracassado um ano mais velho, ou abraçar o silêncio após um simples e lacônico 'oi, [inserir nome do infeliz aqui], parabéns'.
Pensando bem, aniversários podem ser divertidos.

quarta-feira, 9 de agosto de 2006

Sou gente

Se todas as forças do universo conspirarem ao meu favor e Deus rabiscar sua santíssima assinatura embaixo, eu começo a estagiar na semana que vem, no máximo. É, o velho Daniel vagabundo e desleixado será morto e enterrado, soterrado por debaixo de toneladas e toneladas de cimento e deixado estar bem lá no fundo desta terra que nos há de engolir a todos.
Estágio é uma palavra muito forte para a simples tarefa que eu espero desempenhar, palavrinha ameaçadora que sugere uma nova etapa forçosa na vida de todo o ser humano. Estágio curricular, então, seria o mesmo que comprar uma infância em três vezes sem juros ou algo que o valha. Ganhar um ingresso para a terceira idade em uma rodada de bingo, já pensaram? É um universo perturbador este onde vivemos.
Mas, enfim, assim é a vida. Não estaria pensando este servo do Senhor em particular que durante sua caminhada não teria rochas e pedregulhos por obstáculos.
ouvindo _ Resolve - Beth Gibbons & Rustin' Man

segunda-feira, 7 de agosto de 2006

O começo

Se você chegou até aqui ou você foi agraciado com um nível extremamente alto de atividade intelectual ou era um antigo fã do meu falecido Space, que Deus o tenha. Seja bem-vindo e aproveite da melhor forma possível as informações que aqui encontrará, hoje e sempre.
Agora é pra valer.