terça-feira, 29 de maio de 2007

Neve em Porto Alegre

Quer coisa melhor do que passar o dia mais frio da minha vida trancado no quarto comendo farofa com ovo e ouvindo Iron & Wine enquanto assisto Casos de Família?

domingo, 20 de maio de 2007

xópin mau

"A sociedade que modela tudo o que a cerca construiu uma técnica especial para agir sobre o que dá sustentação a essas tarefas: o próprio território. O urbanismo é a tomada de posse do ambiente natural e humano pelo capitalismo que, ao desenvolver sua lógica de dominação absoluta, pode e deve agora refazer a totalidade do espaço como seu próprio cenário."
Guy Debord, A sociedade do espetáculo, p. 112
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Porto Alegre vai ganhar mais um shopping center. É isso aí, gurizada. Ao que parece, nós não estamos satisfeitos com o Iguatemi, com o Praia de Belas, o Rua da Praia Shopping, todos os Bourbons, o Moinhos e a puta que pariu. O capitalismo diz que a gente deve trabalhar exaustivamente para ganhar cada vez mais dinheiro e comprar cada vez mais, para que tenhamos que trabalhar compulsivamente para pagar as despesas e fazer novas aquisições que exigem o acúmulo cada vez maior de onças-pintadas, mico-leões-dourados, araras e, de tempos em tempos, uma gorda garoupa. Então, conseqüentemente, Porto Alegre precisa de mais um shopping. A campanha publicitária do Barra Shopping Sul já estreou na televisão, com uma inserção básica no intervalo do Fantástico, e possui um minuto de duração (pelo menos foi o tempo percebido por este que vos escreve) onde podemos depreender algumas coisas interessantes: vai ser um puta dum shopping, o maior do Estado; aparentemente, a pessoa precisa ser bonita para freqüentá-lo; dentro desta monstruosidade será possível fazer refeições olhando para o Guaíba; o modesto empreendimento será localizado ao lado da vila que fica perto do Jockey Clube de Porto Alegre (ou sobre ela, o que for mais vantajoso); serão quase duzentas lojas, mais uma dúzia de megalojas-âncora (que diabos de aberração seria uma megaloja-âncora?); apesar de o comercial já estar sendo veiculado, o tal do Barra Shopping Sul só será inaugurado no final de 2008 (dois mil e oito). Dentre estas informações, a que me deixa com a pulga mais gorda atrás da orelha é a que se refere à localização do Shopping. Construir um templo do supérfluo colado a um conjunto habitacional de pessoas muito desafortunadas é, ao meu ver, a maior falta de humanismo e respeito ao próximo (se é que estes vagos conceitos morais existem nesses tempos de mentalidade corporativista) desde o escândalo envolvendo a Daslu. Pelo menos façam de conta que se importam, e coloquem essa porra desse shopping em um lugarzinho habitado por pessoas que não carreguem consigo a vontade de explodir cada um destes antros de consumo do satanás (dica: longe da minha casa), sem esfregar a luxúria na cara da miséria e depois lamber os dedos. Fiquem sabendo que eu quase vomitei assistindo ao comercial de vocês e que eu espero que o Barra Shopping Sul fracasse miseravelmente. E, em tempo: vão tomar no cu.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Um intolerante incomoda muita gente

Parafraseando a minha querida amiga Regina Duarte: eu tenho medo! Medo, não. Nojo! Asco por essa tal de Igreja Católia. E não só a Católica como também a Metodista, a Universal, as testemunhas de Jeová e o escambau. Sinto vergonha por esta chusma de pervertidos que domina as mentes de nossa população pobre de renda e de cultura. Se existisse um inferno, e se existissem o pecado e a punição, pastores, bispos, rabinos e outras variáveis episcopais seriam os primeiros da fila do castigo. E rezar um punhado de pai nossos e ave marias não chegaria perto de expurgar as atrocidades que cometeram em vida. A sociedade chegou a um ponto de cegueira em que eu não posso mais me calar e ser julgado intolerante por meter o dedo na ferida dourada da Igreja moderna. Simplesmente não existe certo e errado quando se trata de proibir o uso de camisinha em uma população que faz mais filhos do que escândalos políticos. Estes filhos, inevitavelmente, terminam caindo nas tentações do crime em um país de contrastes visíveis e grotescos. E o Papa vai estar refrescando a careca em sua Mercedes modificada e vestindo seu manto dourado enquanto nós damos tchauzinho para o avião papal e viramos as costas para o caos que se instala em nossos quintais. Que diabos esse senhor veio fazer aqui nestas terras, que eu mal pergunte? Condenar seitas (o Papa não gosta de concorrência?), o divórcio, desvios sexuais (seria a Igreja intolerante?), pregar a virgindade até o casamento (com certeza o senhor Bento XVI não sai muito de casa), aconselhar o povo a não usar a tal da camisinha (se Jesus não precisou de camisinha, quem somos nós para atestar o contrário? Agora, se o Espírito Santo tivesse transmitido uma gonorréia braba para a coitada da Maria, aí sim eu queria ver o que o Bentinho iria dizer)? Prometo que dedicarei o restante da minha humilde vida para acabar com esta palhaçada toda de Igreja e fanatismo. Talvez eu seja um pouco intolerante. Intolerante à podridão, perversão religiosa, fanatismos. Intolerante ao poder de manipulação dos fortes sobre os mais fracos. Mas não deveríamos todos ser intolerantes a tudo isso? Deixemos a intolerância sexual, racial e social apenas para as Igrejas, que de intolerância estão cheias. Vade Retro, Bento XVI!