sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Coisas que estão me irritando no momento - 2008 (v.2)

Vai se usar muito nesse inverno, querida - Pra quem não sabe, a última moda em Porto Alegre é enrolar toalha de mesa xadrez com pompom no pescoço e sair na rua como se nada estivesse acontecendo. Depois da tentativa de ressuscitar as galochas de borracha com estampa infantil para raparigas adultas, o acessório que está fazendo a cabeça de vinte entre dez mulheres gaúchas (e alguns homens, deve-se acrescentar) é um pedaço de trapo do tamanho de um lençol que o/a anormal dobra de forma irritante, enrola no pescoço e jura que não está parecendo um débil mental em fuga. Vocês já devem ter visto por aí, e alguns devem até estar usando e me amaldiçoando neste momento. Mas azar é o seu. Eu passo.

Embuchou, aguenta - Ok, ok. Os deficientes físicos têm todo o meu apoio. Afinal de contas, a locomoção pra eles, na maior parte dos casos, é mais complicada e é legal disponibilizar vagas especiais pra dar uma mão na roda (trocadilho não intencional. Quer dizer, mais ou menos). Agora, vai me dizer que uma mulher que está esperando um filho merece uma vaga na portinha do shopping? Faça-me o favor. Se a mulher está tão grávida a ponto de precisar de uma vaga especial em um estacionamento, então que diabos ela vai estar fazendo em um shopping? Pelo amor de Jesus. A bolsa estourando e a mulher lá filando um McDonald's? Vamos criar vergonha na cara, gurizada. Gestante não é deficiente. Apesar de algumas mulheres no volante merecerem a vaga para excepcionais... mas isso já é um outro assunto.

Pára, Bial - Pouca gente percebeu, mas, durante as Olimpíadas, o Pedro Bial resolveu voltar discretamente à ativa como repórter sério. Depois de apresentar o Big Brother por dez anos, o cara me aparece como correspondente internacional e espera que eu leve a sério a opinião (ele faz reportagens opinativas) de uma pessoa que chorou abraçada no Alemão e que fez beicinho quando provou que sabe menos sobre mitologia grega do que um reles bróder. E agora ele deu pra fazer análises profundas sobre a corrida presidencial nos EUA, todas elas menos empolgantes do que os discursos de dia de eliminação. Ao menos a Marisa Orth* recolheu a sua insignificância a tempo de não se queimar totalmente em rede nacional. Pense nisso.

*pra quem não lembra, ou tem vergonha de dizer que lembra, a Marisa Orth começou apresentando o Big Brother ao lado de Pedro Bial, mas foi expulsa depois de fazer uma merda federal ao vivo.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Alô, é do cativeiro?*

Nem bem a Isabella esfriou no caixão após alçar vôo e a grande mídia já encontrou a sua nova menina dos ovos de ouro, que vem fazendo a alegria das redações jornalísticas Globais e não-Globais desde o começo da semana passada. Nada mais é considerado absurdo (na opinião deste humilde blogueiro, ao menos) na cobertura midiática de 'tragédias nacionais', como a de uma menina que foi assassinada discretamente pelos pais, a de outra que foi mantida refém pelo ex-namorado favelado de nome chique, a do bebê que ficou pendurado na cerca pela fralda, a da família baleada por policiais dentro do carro, e por aí vai. Tudo é possível sob o novo modelo Big Brother de jornalismo, que sangra através da televisão e tinge de carmim as páginas de periódicos.

Se a Sônia Abrão sentir vontade de ligar para o seqüestrador enquanto ele mantém o pessoal no cativeiro, dou todo o apoio. Afinal, que mal tem uma repórter semi-profissional senil bater um papo descontraído com o Lindemberg enquanto ele aponta a arma para a sua amada menor de idade? Deixa a mulher ser feliz! E se o William Bonner quiser mostrar um infográfico detalhando quais órgãos de Eloá serão doados a quem, no melhor estilo 'curso intensivo para açougueiro', tudo sussa. Deixa o cara. Além de receber órgãos fresquinhos, assim o pessoal também aproveita para torrar os seus quinze minutos de fama, tudo em uma tacada só.
O que importa se a polícia fez cagadinha e explodiu a porta na hora errada ou se o pai da Elô é um serial killer foragido ou se o Datena ficou brabinho por não ter conseguido o número do Lindemberg antes da concorrente? Eu quero saber é se o Pato vai ou não visitar a guria que sobreviveu e quer tirar R$2.000.000 do Estado, apesar de ter voltado ao cativeiro por vontade e imbecilidade próprias. Parafraseando Michael Stipe: it´s the end of the world as we know it (and I feel fine).

*Para os chocados de plantão, duas palavrinhas amigas: fodam-se!

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Foi mal, Celina. Beijo, me liga.

Só Deus sabe o quanto eu penei com as aulas de educação física no colégio. Pro meu azar, nasci o típico filhinho da mamãe que sofre de asma e bronquite crônica e que tem dificuldades de aceitação em aglomerações sociais. Somando-se ao meu histórico de fracassado, o máximo de atividade física que o meu corpo processava era mastigar as famosas torradas de três andares da minha avó e acompanhar as aulas de aeróbica da Jane Fonda em Video Laser (sim, video laser. Procurem no Google) durante as tardes livres.

Todo começo de ano era a mesma odisséia, quando meus pais saíam em busca do atestado médico que garantiria a minha alforria fisiológica e, ao mesmo tempo, prenunciaria a usual tortura psicológica por parte dos corpos docente e discente. Contando por cima, arrisco dizer que jurei de morte pelo menos uns cinco professores, do jardim de infância até o final do ensino médio. Na minha ingênua e pacífica mente infanto-juvenil, todo professor de educação física era um ser humano fracassado e pervertido que não conseguiu ser atleta profissional nem professor de verdade e cuja vida pessoal e sexual era de fazer chorar a criancinhas indefesas, e, por isso, eles descontavam as suas frustrações pessoais nos pequenos sacos de pancada que eram os seus alunos, mas, acima de todos os outros, eu próprio.
A situação ficou crítica quando fui chamado para uma sala escura dentro do ginásio (calma, minha gente, eu não fui vítima de pedofilia, até onde eu me lembre) por um professor que, além de frustrado sexualmente e pessoalmente, poderia ser usado como enfeite de jardim com a adição de uma touca vermelha e uma túnica verde. O conteúdo dessa conversa muito séria e produtiva para o meu desenvolvimento como ser pensante me foge no momento, mas era algo envolvendo os motivos do meu ódio por ele, e o que poderia ser feito para amenizar a minha ira infantil. No final das contas, decidiu-se que, se eu lesse uma reportagem do caderno esportivo por semana, colasse em uma folha pautada e resumisse a dita cuja, tudo estaria resolvido e a minha ficha criminal seria zerada. O que veio bem a calhar, após mais de dez anos sofrendo nas mãos (conotativamente falando) dos mais diversos tipos de (atenção para as aspinhas com os dedos) profissionais da saúde.
Deixei o modo 'um pé atrás' ativado em relação a professores a partir do momento em que um quadrúpede fantasiado de gente escreveu família com 'LH' no quadro negro, diante de crianças desprotegidas, logo na primeira série. De ali em diante, minha missão nesta Terra se tornou clara: desmascarar professores, educadores e o resto da cambada de anormais que descontam sua baixa expectativa de crescimento profissional em terceiros. Acho que fiz um bom trabalho. Fui cruel demais, às vezes, mas é preciso lidar de igual para igual com algumas espécies de gente. E o lado sadomasoquista da história? Eu faria tudo de novo.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Os perigos da televisão digital

Lembram quando a televisão deixou de ser em preto e branco? Pois é, nem eu. Mas estão dizendo por aí que a transição entre o padrão standard e o digital é a maior evolução na história da transmissão televisiva desde o advento da imagem a cores. Tendo aderido à NET Digital HD Max - isso mesmo, aquela da propaganda onde o instalador da NET tem que ser arrastado pra fora da residência do cliente - há mais ou menos um mês, eu gostaria de compartilhar com vocês algumas impressões sobre o novo velho xodó de um entre cada dois early adopters (s. m. Anormais que necessitam comprar bugigangas inúteis antes de todo o resto da população; pessoas com problemas emocionais que exorcizam suas frustrações no ato de consumir em demasia; delinquentes mentais). Afinal de contas, a HDTV vai mudar a sua vida?

A resposta curta e grossa é: não, não vai. A resposta longa e dura é: entretanto, as imagens em alta definição mudam a forma como a pessoa assiste à televisão, tanto positiva quanto negativamente. O impacto é tão grande no começo - e olha que a NET comprime as imagens em 2003023 trilhões de vezes - que o primeiro sintoma observado é ficar assistindo ao Programa Amaury Jr. até altas horas da matina contando quantos pontos de lifting facial o nosso querido socialite levou até hoje. Ou perder a tarde em frente à TV hipnotizado pela beleza profunda das olheiras da Sônia Abrão. É tudo tão bonito em HD. Dá até vontade de beijar o Bóris Casoy na boca.
A NET oferece - até o momento de escritura deste post - apenas três canais em alta definição: Globosat HD, RedeTV HD e Band HD. O primeiro deles é um mix de conteúdos de canais Globosat (surpresa!) em alta definição (dupla surpresa!), como desfiles de moda sob o selo GNT HD, shows de música sob o Multishow HD, e por aí vai. As reprises são constantes, mas sempre tem conteúdo novo (na medida do possível). O grande trunfo do novo decodificador é a função DVR (digital video recorder), que permite ao usuário agendar a gravação de programas de forma personalizada, em um HDD de 160Gb. É como um TiVo de pobre, lançado dez anos depois do original para a tupiniquinzada sossegar o facho. Mas, quer saber? Tá valendo. Pelo menos assim eu não perco um capítulo da novela das oito e ainda posso pausar a programação ao vivo quando quiser, pra ir no banheiro, dar uma volta na quadra ou simplesmente me exibir.

No geral, estou bastante satisfeito com o produto. Claro que eu preferia que a NET não fizesse um trabalho porco de compressão da imagem, e que outros canais em HD fossem lançados ainda este mês, mas a vida é feita de altos e baixos. A pergunta que não quer calar é: eu vou poder assistir ao final de A Favorita em alta definição ou não? É só o que eu peço!