domingo, 11 de fevereiro de 2007

É fantastico! Plim.

Quando se pensava que o Fantástico havia atingido o ápice da escala do mau gosto dominical, eis que surgem, de repente, na tela da minha televisão, Zeca Camargo e Glória Maria, eu com fones de ouvido, prestando atenção na seriedade que ambos estampavam nos seus medonhos semblantes. De imediato afastei os fones, aumentei o som da TV e me preparei para o pior. Entra Fátima Bernardes, chapinha japonesa no cabelo, terninho enxuto impecavelmente liso, expressão de pesar no rosto. Começo a sentir cheiro de menininho arrastado por três bairros no Rio de Janeiro e já sinto repulsa. Meus temores se confirmam, e a querida Fátima, ela própria tendo expelido trigêmeos há um punhado de anos, convida os pais do menino a sentarem-se no sofá. O que segue são mais de cinco minutos do mais puro e repugnante jornalismo sádico, que mais pareceram 20 minutos ou meia hora, enquanto assistíamos [eu e a população brasileira] à Sra. Bonner iniciar a entrevista com aquela perguntinha básica: Você consegue lembrar exatamente como tudo ocorreu? Conte os detalhes para nós. Criancinha arrastada pra cá, criancinha arrastada pra lá, e aquilo tudo acaba nos levando ao clímax desta reportagem exclusiva: uma espécie de ‘violência no Brasil para leigos’ em menos de 1 minuto. Cruel.
As vezes eu penso em mandar estuprar a mãe de alguns repórteres, ir atrás com uma câmera e registrar tudo em vídeo, depois passar as imagens na primeira reportagem do Jornal Nacional, pra ver se é divertido estar do outro lado. Ou então mandar matar o filho deles, capturar as imagens do momento em que morreu, do velório e do enterro e fazer um compacto a ser anunciado com pesar pela Glória e pelo Zequinha nos primeiros minutos do Fantástico, só pra ver se eles gostam. E não me venham com esse papinho de apelo aos políticos ou qualquer outro tipo de baboseira da grossa. Não adiantou com a menina que morreu no primeiro dia em que andou de metrô sozinha, não adiantou com a família que morreu carbonizada dentro do próprio carro, também não adiantou quando o casal Bonner teve sua casa invadida por bandidos, e não vai adiantar enquanto a imprensa brasileira continuar enxergando a dor dos outros como um par de pontos a mais no IBOPE e, pior de tudo, saindo por cima como a heroína da história toda.

2 comentários:

Anônimo disse...

Né brincadeira o q essa tv brasileira faz msm. Não tenho visto fantástico faz um tempo. Na verdade até to me consierando uma alienada no mundo, mas até q não me sinto tão mal em estar aienada.
Outro dia o Haroldo conseguiu um documentário véio mas mto interessante sobre as verdades da tv brasileira. Vou levar aí qqr dia desses. É longo e a qualidade de imagem é péssima, mas diz coisas q acho q até tu n sabe.

Anônimo disse...

...é a juliana