domingo, 15 de julho de 2007

Minhas férias no cinema (Parte 1 de 1)

Pai e filho (Aleksandr Sokurov, 2003):
Sabe aquele tipo de sessão em que tu entra e pensa: putz, vão cancelar essa merda por falta de público? Era destas. Após uma série angustiante de problemas com o áudio e um inusitado telefonema atendido, para minha surpresa, durante a exibição, deixei a sala somente meio satisfeito com este filme do Sokurov. A sinopse do Arteplex, e metade da população mundial, acusa um certo grau de homoerotismo na relação entre o tal pai e o tal filho, mas, sinceramente, eu acho que eles não entenderam nada do filme. O começo sugere uma putaria generalizada, mas, quem conseguiu ficar até o fim, e possui os dois hemisférios cerebrais interligados, vai entender o porquê de tão dissonante cena. Recomendo pra quem tiver bastante paciência cinematográfica e muito tempo livre.
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Baixio das bestas (Cláudio Assis, 2007):
Uma homenagem ao cinema pornô disfarçada de reivindicação dos direitos da mulher na sociedade atual. Tipo, putaria total, entende? Não é tão ruim quanto alguns críticos possam tentar te fazer crer, nem tão bom quanto o diretor pretendia que fosse. O que eu entendi do filme? A vida no sertão nordestino é uma prostituição, em todos os sentidos e níveis de interpretação; o Caio Blat adora esfregar o tico na frente das câmeras; enquanto o avô da guria ("ela é filha do avô?") fica bolinando ela, e a plantação de cana pega fogo, o resto é tudo carnaval; homenagens sutis ao cinema, do tipo 'inserir um trecho explícito de Oh! Rebuceteio no meio do filme', ou a cena em que o Matheus Nachtergaele tira a roupa e sai gritando "pega a manteiga que hoje eu quero comer cu", me trouxeram lágrimas aos olhos; a mulher como objeto, o que fica evidente nas três cenas de estupro, onde o diretor faz questão de mostrar as mulheres violentadas fragilizadas e inertes perante o violentador. Teve gente que saiu da sala e nunca mais voltou...
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Ratatouille (Brad Bird, 2007):
Quem gosta de Shrek que me perdoe, mas a Pixar não tem concorrentes no mundo da animação digital. Simplesmente não tem, e não adianta insistir. Com eles não tem essa de "até que os trouxas parem de achar graça na cara de tacho desse gato de botas e das piadas gastas desse burro imbecil, a gente continua lançando um Shrek por ano, combinado?". A Pixar tem estilo e, o mais importante, histórias para contar. Mas o que mais me deixa orgulhoso é que eles não precisam colocar uma piada infame em cada cena pra agradar o público: tomam o tempo que for necessário para construir seus personagens e transitar confortavelmente pelo ir e vir da história. Ratatouille é muito especial pra mim porque trata de duas de minhas coisas favoritas: comida e ratos. Colocar como protagonista um rato que cozinha, então, é covardia. Pra quem quiser aprender como se faz uma animação de qualidade, recomendo. Para os que se divertiram assistindo "Deu a louca na Chapeuzinho Vermelho", recomendo distância.
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Paris, te amo (vários, 2006):
A idéia de juntar uma dúzia de diretores de países diferentes para falar sobre amor em Paris pode parecer tentadora, mas quando eu saí da sala do cinema ontem, só conseguia pensar duas coisas: "aquela era a Feist cantando durante os créditos?" e "esse filme foi realmente necessário?". Cada diretor ganhou uns cinco minutos para mostrar a sua versão de uma história de amor em Paris, o que significa que alguns segmentos são interessantes, outros são vergonhosos e outros ainda são terríveis. Com tantos finais felizes/infelizes juntos, parece que o filme tem doze horas de duração, e não meras duas horas. Quem quiser parecer cool durante uma conversa informal, que assista. Mas no fundo eu sei que ninguém gostou dessa aberração fílmica. Cá pra nós, Elijah Wood fazendo cara de Frodo Bolseiro (isso mesmo, aquela cara de quem tá levando por trás) enquanto é penetrado por uma vampira no meio de um filme até aquele momento normal, nem de graça. E o infeliz que escolheu deixar a história da gorda carteira pro final deveria ser demitido do cargo de editor ou de ser humano como um todo.

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