sábado, 30 de agosto de 2008

Os dois lados da propaganda política

Um verdadeiro show de horrores esse horário eleitoral. A cada ano que passa a gente pensa que os marqueteiros políticos finalmente colocaram o rabinho entre as pernas e rastejaram de volta pro buraco de onde nunca deveriam ter saído, porém, ano após ano somos bombardeados com um espetáculo teatral grotesco que não poupa esforços para fazer com que a dona Josefina Lavadeira acredite que a Maria do Rosário possui emoções humanas, ou com que o seu Zé da Vila do Cachorro Sentado se identifique com a história de vida da vovozinha do Onyx Lorenzoni.
Só não contaram pra coitada da Manoela que sair abraçando criancinhas é tão século XX que chega a doer na retina. E também esqueceram de alertar a ex-poodle toy Luciana Genro que fazer chapinha em propaganda política, apesar de ser hilário - na opinião deste humilde blogueiro -, só vai fazer com que o pessoal nutra mais ojeriza por ela e pelo seu deserdado pai.
Nem é preciso comentar o desfile de aberrações dos candidatos a vereador, que vão desde taxistas que prometem a mudança da cor dos veículos até velhinhos caquéticos com os dois pés e as duas mãos na cova, só com a cabecinha ainda aparecendo.

O que nos leva ao outro lado da propaganda política. Ou da não-propaganda política. Pra quem não sabe, o Washington Olivetto é um dos publicitários brasileiros mais venerados de todo o sempre. Isso mesmo, aquele que foi seqüestrado e que fez o comercial do primeiro sutiã que a gente nunca esquece.
Pois é, o Olivetto é o responsável pela campanha de votação desse ano. Aquela do 'quatro anos é muito tempo'. Eu descobri isso sem querer num dia em que assistia TV com a minha mãe. Estávamos ambos sentados no sofá quando apareceu um cara falando que tinha uma abelha dentro do ouvido há quatro anos. Como boa estudante de psicologia, sem tirar os olhos da tela, minha mãe diagnosticou precipitadamente, em tom pesaroso: 'esquizofrenia'. Eu estava até concordando, até que o comercial chegou no trecho onde o homem conta que estava um dia no parque e a abelha entrou no ouvido dele e nunca mais saiu. A partir dali o que nos parecia um comercial integrante da campanha pelo tratamento da esquizofrenia se mostrou apenas mais uma das crias de Washington Olivetto, junto com o comercial do cara que sapateia involuntariamente, do imbecil que perde a passagem do cometa Haley, da débil mental que dá meia-volta antes de passar por alguma porta, etc. Tudo a ver com a responsabilidade do voto consciente. Como é a norma em publicidade: conscientização social = zero; gracejo massageador do ego = 100000.

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