segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Foi mal, Celina. Beijo, me liga.

Só Deus sabe o quanto eu penei com as aulas de educação física no colégio. Pro meu azar, nasci o típico filhinho da mamãe que sofre de asma e bronquite crônica e que tem dificuldades de aceitação em aglomerações sociais. Somando-se ao meu histórico de fracassado, o máximo de atividade física que o meu corpo processava era mastigar as famosas torradas de três andares da minha avó e acompanhar as aulas de aeróbica da Jane Fonda em Video Laser (sim, video laser. Procurem no Google) durante as tardes livres.

Todo começo de ano era a mesma odisséia, quando meus pais saíam em busca do atestado médico que garantiria a minha alforria fisiológica e, ao mesmo tempo, prenunciaria a usual tortura psicológica por parte dos corpos docente e discente. Contando por cima, arrisco dizer que jurei de morte pelo menos uns cinco professores, do jardim de infância até o final do ensino médio. Na minha ingênua e pacífica mente infanto-juvenil, todo professor de educação física era um ser humano fracassado e pervertido que não conseguiu ser atleta profissional nem professor de verdade e cuja vida pessoal e sexual era de fazer chorar a criancinhas indefesas, e, por isso, eles descontavam as suas frustrações pessoais nos pequenos sacos de pancada que eram os seus alunos, mas, acima de todos os outros, eu próprio.
A situação ficou crítica quando fui chamado para uma sala escura dentro do ginásio (calma, minha gente, eu não fui vítima de pedofilia, até onde eu me lembre) por um professor que, além de frustrado sexualmente e pessoalmente, poderia ser usado como enfeite de jardim com a adição de uma touca vermelha e uma túnica verde. O conteúdo dessa conversa muito séria e produtiva para o meu desenvolvimento como ser pensante me foge no momento, mas era algo envolvendo os motivos do meu ódio por ele, e o que poderia ser feito para amenizar a minha ira infantil. No final das contas, decidiu-se que, se eu lesse uma reportagem do caderno esportivo por semana, colasse em uma folha pautada e resumisse a dita cuja, tudo estaria resolvido e a minha ficha criminal seria zerada. O que veio bem a calhar, após mais de dez anos sofrendo nas mãos (conotativamente falando) dos mais diversos tipos de (atenção para as aspinhas com os dedos) profissionais da saúde.
Deixei o modo 'um pé atrás' ativado em relação a professores a partir do momento em que um quadrúpede fantasiado de gente escreveu família com 'LH' no quadro negro, diante de crianças desprotegidas, logo na primeira série. De ali em diante, minha missão nesta Terra se tornou clara: desmascarar professores, educadores e o resto da cambada de anormais que descontam sua baixa expectativa de crescimento profissional em terceiros. Acho que fiz um bom trabalho. Fui cruel demais, às vezes, mas é preciso lidar de igual para igual com algumas espécies de gente. E o lado sadomasoquista da história? Eu faria tudo de novo.

2 comentários:

Marcia disse...

Eu tb passei por tudo isso!!!
Que loucura
me lembro de ter feito trabalhinhos com a enciclopedia dos esportes da disney
o pateta jogava rugby

_monga disse...

tu vê só!
pelo menos o teu trabalhinho era lúdico...heasuih.
:-(